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sexta-feira, 10 de julho de 2020

Novos caminhos do mundo jurídico pós – pandemia COVID -19

Mundo Jurídico ontem, hoje e amanhã...


Por Artur Félix

Parece que foi ontem, vocês se lembram? Me refiro àqueles carrinhos abarrotados de processos (físicos) que arrastávamos levando a “carga” para o escritório. Parece que foi ontem. Veio o SAJ, o PJE, e outros que revolucionaram o carimbo, as juntadas, os despachos do Juiz à mão nas costas das folhas. Lembra da defensoria? Combativa defensoria! Quantos processos examinei em que o Dr. Defensor peticionava no rodapé da decisão, ou M.P. Dava o “ciente”. Isso foi a menos de 10 anos.
Naquela época, o Advogado deveria ter uma excelente pasta de couro, sapatos lustrados, um bom carro. Era o cartão de visita. Quase me esqueci, o escritório impecável era importante. Quem tem mais de 30 anos vai recordar das “rodinhas” de advogados no cafezinho do fórum, dizem que existia advogado que passava 12 horas no fórum e não duvido.
Ali se tratava de tudo, desde a vida alheia até teses jurídicas refinadíssimas. Não duvidem, um cafezinho tem seu poder. Saudosos embates no balcão das varas requerendo vista aos autos (Pobres servidores!), quando era carga pior. Verdadeiros discursos nas audiências, talvez daí Sobral Pinto tirou a expressão que “ advogar não é profissão para covardes”.
Der repente tudo mudou veio o mundo digital, não tem mais carga, não tem mais vista, não tem mais cafezinho no fórum. Na verdade, nem se conhece os advogados da Comarca. É bem verdade, o processo digital nos distanciou, recluso estamos em nossos escritórios, em nossas casas sem saber o que acontece no “mundo jurídico”. Graças a Deus temos sites como o jusbrasil que nos inteiram de algo. Mas com o devido respeito, não substituirá as conversas dos cafezinhos.
Lembra que eu disse que o carro era importante? Lembra que eu disse sobre a pasta de couro? Agora isso não vale mais nada, não vamos mais aos balcões, raramente só em extrema necessidade. Até me lembro dos Advogados de ponta caminhando com seus ternos de microfibra (ira dizer linho, mas poderia soar muito velho), com pastas reluzentes pelo tapete vermelho do foro. Era de tirar suspiro dos estagiários do 2º período de direito. Terno engomadíssimo! Esse era o top. O Juiz fazia questão de cumprimenta-lo.
Hoje Advogado “top” é aquele que é tecnológico “vestiu a camisa da modernidade”. Até para reclamar fazemos por e-mail. Perdemos grande parte da nossa oralidade nesse processo. Reduziu-se os eloquentes discursos ao “me reporto às peças já juntadas”. Despachar com Juiz isso é (quase) coisa do passado.
E para nossa surpresa, já quase, e com muita dificuldade, estávamos aprendendo a conviver nesse mundo digital, aí veio a pandemia do tal COVID – 19 e muda tudo. Agora seremos mais digitais, nem escritórios precisaremos, mas sim um poderoso smart fone com câmera pro etc. A COVID mudou a cara do setor público. Muita da nossa burocracia foi substituída por um clique (isso foi bom). Pergunta: Realmente você acredita que vai voltar ao que era, audiências, filas, etc.? Não! As audiências serão por vídeo conferencia, ou melhor tudo que puder ser remoto será.
Já pararam para pensar na economia que o poder público tem feito com o home office? Pasmem, para terem um resultado até superior. Entramos em uma novíssima era, não há mais volta. Lastimavelmente, estamos nos recluindo mais e deixando de fora o convívio olho no olho, ainda estou refletindo quanto essa perda de contato humano. O direito é tão humano, tão olho no olho que fico um pouco assustado, mas pode ser saudosismo meu.
A verdade é que veio essa mudança e não teremos volta, prepare-se. Para tanto, compre seu telefone ultra, super blá, blá, blá ... e vamos às videoconferências. Prepare um bom cenário, não é pecado ter uns livros “fake book” para compor o pano de fundo, já vi até de papelão vendendo na internet. Lembre-se – se, na internet você pode ser que você quiser, mas cuidado, isso é a casca, ainda haverá a necessidade do conteúdo.
Penso eu, que apesar na nova vida solitária, reclusa e digital, nós profissionais do Direito teremos que ser mais ainda qualificados, as audiências agora vão para o You tube, (vide o STJ). Então, se antes um “escorregão” ficava entre você, o Juiz, o secretário e outros Advogados, organize-se agora é publicidade digital. Perceba que a plateia será maior e também será maior o olhar crítico.
O Advogado sem dúvidas deverá ser bem capacitado na oratória, no pensamento rápido etc. O Juiz além disso, deverá ter cuidado com a tal “juizite”. Explico, era uma “doença” que supostamente acometia os Magistrados nos anos 90 que golpeavam a mesa, teve casos até de Juízes sendo agredidos ou agredindo as partes. Graças a Deus desse mal não padeci. Graças a Deus também porque e agora o risco é menor com a distância segura da internet e a tal Publicidade digital.
Entretanto, não se engane, todo o bem é atacado por um mal, toda moeda tem dois lados. Por agora eu te recomento que se prepare! Trabalhe na sua oratória, na estrutura para se fazer ouvido (tecnologia) e não se esqueça “a advocacia não é profissão de covardes” Sobral Pinto.
Por Artur Félix - Advogado, Consultor
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